Artigo: Não tem dois sem três; tomara que não

Encerramos 2021 e abrimos 2022 com problemas sérios. O abrupto fechamento da ITA no inicio da noite da sexta feira 17 de dezembro e o encerramento temporário dos cruzeiros no Brasil afetaram um vetor fundamental para quem presta serviços, a credibilidade.

O turismo é um setor econômico muito sensível, mesmo tendo tecnologias na operação, ainda é um setor de pessoas para pessoas. E nesses acordos interpessoais e fundamental entregar o que se propôs. Sem delongas.

A Itapemirim Linhas Aéreas, ITA, decepcionou o mercado, me decepcionou. Agiu de forma totalmente irresponsável. Mesmo sabendo que ia fechar, seguiu vendendo bilhetes. Sabendo que não iria honrar. Descabido.

Erros administrativos, em um momento de incertezas, onde todos estamos tendo cautela a ITA cresceu de forma vertiginosa e se enforcou nos seus próprios slots. Crescimento vertical, queda vertical. No popular isso é chamado de voo de galinha.

Milhares de clientes sem saber o que fazer, a quem recorrer,balcões da ITA sem colaboradores, pessoas longe de suas casas sem saber como retornar, caos.

Não entregou o que vendeu.

Comprometeu o setor, exatamente no momento que o turismo se preparava para uma salto de patamar, verão e alegria, trouxe desconfianças.

Nem bem estávamos sarando dessa ferida chegou outro baque importante. Os cruzeiros com problemas, infecções de passageiros e tripulantes. Pela própria complexidade de um navio, isso potencializou. Mas me chamou a atenção que teve navios onde o contágio entre a tripulação era três vezes maior, numericamente, que entre os passageiros. Algum protocolo falhou nesse processo. Isso é evidente.

Depois de dois anos de estudos e avaliações errar em processos protocolares é inadmissível. Ficamos sem os cruzeiros, vai ficar complicado retomar a confiança dos clientes. Outra coisa que me chamou a atenção foi a demora absurda de transmitir informações por parte das empresas de cruzeiros. Fomos alimentados declarações da Anvisa e dos próprios passageiros nas redes sociais.

O gerenciamento da crise demorou a funcionar. E os passageiros sem entender, sem dados concretos ficaram horas a fio no Concais a espera de embarques que nunca aconteceram. Outros passageiros relataram saídas sorrateiras no meio ao caos instalado a bordo, saídas sem testes, simplesmente pegaram as malas e desceram. Outros transmitiram erros operacionais a bordo nos quais não vamos abordar neste artigo. As companhias não estavam nem perto de estar preparadas para uma situação que poderia acontecer, e aconteceu. Milhares ficaram literalmente a ver navios.

Não entregou o que vendeu.

Estes dois casos sérios e preocupantes afetaram o setor do turismo, impactaram na credibilidade. Dois setores fundamentais mostraram fragilidades extremas e os clientes não tem muito o que fazer a não ser aguardar. Muito ruim e preocupante tudo isto.

Espero não ter um terceiro.

Não merecemos.

O turismo do Brasil não merece.

O cliente não merece.

Ariel Figueroa

Editor da Coluna de Turismo/60+

C.Turismo

colunadeturismo@gmail.com