Hoje é o Dia Internacional das Florestas

Projetos de plantio e restauração, florestas em regiões urbanizadas, parques e corredores verdes preservam a vida de espécies, reduzem ilhas de calor, contribuem com a captação de água, minimizam impactos de enchentes, melhoram a qualidade do ar, diminuem ruídos, proporcionam serviços ecossistêmicos e ainda favorecem atividades ligadas ao lazer, bem-estar e qualidade de vida para a população. Esses são importantes exemplos de ações e os consequentes impactos positivos oferecidos pela natureza que valem ser lembrados neste Dia Internacional das Florestas (21/3).

“As florestas abrigam cerca de 80% da biodiversidade terrestre mundial, o que já deveria ser o suficiente para que fossem mais protegidas. Mas o papel que elas têm na saúde e no bem-estar humano reforçam ainda mais a necessidade de políticas públicas para garantir a sobrevivência desses ambientes. Bilhões de pessoas dependem diretamente das florestas para obter abrigo, alimentos, medicamentos, energia e renda”, diz a pesquisadora Teresa Magro, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN) e professora associada do Departamento de Ciências Florestais da Universidade de São Paulo (USP).

O Dia Internacional das Florestas foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1971, para conscientizar a população sobre a importância das florestas para a vida no planeta. Cobrindo praticamente um terço da superfície terrestre, as florestas fornecem serviços essenciais, como a produção de alimentos, regulação do clima e proteção do solo e dos recursos hídricos.

De acordo com o Relatório de Avaliação Global dos Recursos Florestais de 2020 da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), 12% das florestas do mundo estão no Brasil, totalizando 497 hectares de área florestal. Entretanto, o mesmo relatório aponta que o Brasil é o país que mais perdeu área de floresta na última década, com 1,5 milhão de hectares perdidos a cada ano, nos últimos 10 anos. O mundo, todos os anos, perde 10 milhões de hectares, o que faz com que de 12% a 20% de emissões globais de dióxido de carbono (CO2) deixem de ser absorvidas pela floresta e sejam lançadas diretamente na atmosfera.

Para Cecília Herzog, também membro da RECN, professora e pesquisadora do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), a importância das florestas pode ser considerada por diferentes ângulos, desde o nível macro, por sua relação direta com as mudanças climáticas, até no aspecto regional ou local, observado na saúde e qualidade de vida da população nos centros urbanos. “As florestas nos fornecem serviços ecossistêmicos de valor inestimável. Desde a regulação do clima e das chuvas necessárias para garantir as atividades econômicas diversas, como a agricultura, passando pelo fornecimento de água e energia, até a sensação de bem-estar que a natureza proporciona, mesmo por meio de ilhas verdes nas selvas de pedras”, ressalta a pesquisadora.

As florestas têm no desmatamento a sua maior ameaça. De acordo com dados do Relatório Anual do Desmatamento no Brasil, elaborado pelo projeto MapBiomas, 13,8 mil quilômetros quadrados foram desmatados no País em 2020, 99% de forma ilegal, um crescimento de 14% em comparação com 2019. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o desmatamento no Cerrado aumentou 7,9%, entre agosto de 2020 e julho de 2021, alcançando a marca de 8.531 quilômetros quadrados perdidos, o maior desde 2015. O desmatamento na Amazônia, em 2021, foi o pior em 10 anos, de acordo com o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Os dados apontam que mais de 10 mil quilômetros de mata nativa foram destruídos no ano passado — um crescimento de 29% em relação a 2020.

C.Turismo

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