Embraer fecha venda de 45 aeronaves para a Scandinavian Airways

A Scandinavian Airlines (SAS) encomendou a Embraer 45 aeronaves E195-E2 e manteve direitos de compra para outras dez — o maior pedido direto feito pela companhia europeia desde 1996. As entregas começam no fim de 2027 e se estendem por quatro anos, com preço de lista de aproximadamente US$ 4 bilhões para as aeronaves firmes. 

Alívio financeiro em meio à tarifa de 50 % dos EUA

A notícia chega menos de duas semanas após o governo norte-americano anunciar tarifa de 50 % sobre importações brasileiras, medida que pode reduzir em até 55 % o EBIT projetado da Embraer a partir de 2026. 

• Diversificação de receita – O negócio com a SAS ajuda a diluir a dependência de um mercado que hoje responde por cerca de 60 % das vendas da Embraer.
• Proteção de fluxo de caixa – Os jatos da linha E2 — inexistentes na frota regional norte-americana — ficam fora do alcance imediato das tarifas, assegurando uma fonte de receitas em moeda forte.

Empregos preservados e criados

A Embraer mantém cerca de 19 mil empregados diretos no mundo, 88 % deles no Brasil, e já anunciou a contratação de mais 900 trabalhadores em 2024 para atender à expansão de produção. 

Segundo a própria empresa, cada posto direto sustenta outros nove empregos na cadeia de valor, somando mais de 160 mil vagas de alta qualificação no País. 

Com um backlog que ultrapassa US$ 30 bi após o pedido da SAS, a linha de montagem em São José dos Campos ganha visibilidade de produção por pelo menos 18 meses, afastando riscos de demissões no curto prazo.

Impacto tributário

Embora exportações sejam isentas de ICMS, o ciclo completo da venda — pesquisa, engenharia, produção e folha salarial — gera tributos federais (IRPJ, CSLL, PIS/Cofins) e estaduais sobre insumos:

*Cálculos aproximados a partir de margens históricas divulgadas no balanço de 2024. 

Significado para o Brasil

• Maior exportadora de alto valor agregado – A Embraer responde sozinha por cerca de 3 % de todas as exportações brasileiras e ocupa o terceiro lugar mundial em aviação comercial.  
• Indução tecnológica – Parques industriais de São José dos Campos e Gavião Peixoto concentram 95 % da cadeia aeronáutica nacional, gerando capital humano e transferência de tecnologia.  
• Receita e prestígio – Recorde de R$ 35,4 bi de faturamento em 2024, com lucro líquido de R$ 2,6 bi, fortalece a posição da empresa como “garota-propaganda” da indústria brasileira num mercado dominado por Airbus e Boeing.  

Por que importa

“Quando financiamos exportação, financiamos emprego, salário e conhecimento tecnológico”, disse o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, em recente evento com a Embraer. 

O pedido da SAS confirma a resiliência e a relevância estratégica da Embraer: garante produção cheia, protege empregos qualificados, injeta divisas e amplia a base tributária justamente quando a empresa enfrenta o desafio de uma tarifa punitiva em seu principal mercado. Para o Brasil, trata-se de um reforço à balança comercial, à arrecadação e à imagem global de sua indústria de tecnologia de ponta.