2 de fevereiro e dia de ir no mar em Salvador, ou não
2 de fevereiro na Bahia e em Salvador principalmente e dia dela, da Rainha que veste azul, Yemanjá, Orixá de muitos adeptos no Brasil, no sincretismo religioso representada por Nossa Senhora, para uns da Conceição, para outros dos Navegantes, para todos a Mãe.
Quando cheguei na Bahia, Salvador, em 1983 a festa de Yemanjá no Rio Vermelho só perdia em número de pessoas para a do Senhor do Bomfim. Inúmeros trios com as as principais bandas desfilavam para alegria do lado profano da festa. verdadeiras multidões se aglomeravam, era no meu conceito à prévia do carnaval. Proibiram os trios.
Dezenas de barcos de todos os tamanhos acompanham à procissão, barcos com duas pessoas, barcos com dez e escunas, a imensa maioria pequenas embarcações onde seus ocupantes demonstram sua devoção, a maioria pescadores. São os devotos que acompanham os balaios com os presentes. Talvez isso não aconteça neste 2019.
A Capitania dos Portos de Salvador onde funciona o Comando do 2º Distrito Naval, está cobrando indiscriminadamente um valor de R$ 40.000,00 por embarcação para poder sair à mar aberto. Não discuto segurança no mar, não se trata de assunto que eu domine. Mas clamo por diálogo e busca por alinhamento de ações. Nunca uma pessoa ou grupo de amigos devotos que saem uma vez por ano em barco pequeno – como são a maioria- poderão arcar com esse valor. Isto talvez inviabilize uma festa que tem um peso grande na religiosidade do baiano e também na economia do turismo da Bahia.
Este ano aconteceu um fato inédito que vem se ajustar nesta matéria, a galeota Gratidão do Povo que leva tradicionalmente a imagem do Senhor Bom Jesus dos Navegantes, não conseguiu sair pela primeira vez em 127 anos. Lamentável.
Em Ilhéus virou moda mudar a data da tradicional lavagem das escadarias da Catedral de São Sebastião se ajustando a dia que tem cruzeiro aportando na Princesinha do Sul. Gradativamente a tradição vai se perdendo.
O trade do turismo de Salvador se articula com ajuda da Secretaria de Turismo de Salvador para procurar um diálogo com a Capitania dos Portos e manter a tradição tão necessária para poder construir o futuro sem destruir o passado. Somos a favor do entendimento. Mas, apoiamos à tradição secular.
Estou achando a minha Bahia a cada década menos negra.
Daqui a pouco as baianas estarão amarrando fitinhas em branco nos pulsos dos turistas.
Odoyá Yiá Ori