Salvador se fortalece focando a ancestralidade do Turismo Étnico-Afro

Salvador é o coração do Brasil, conecta e pulsa energia através de sua herança ancestral e valorização dos que construíram e fortaleceram essa cidade. Sob este olhar histórico e cultural surge o Salvador Capital Afro – um movimento inovador, que pretende posicionar a cidade como referência do Turismo Étnico-Afro, nacional e internacionalmente, por meio da valorização das manifestações culturais, do potencial criativo, da força das tradições, tecnologias ancestrais e incentivo ao Black Money, movimento que favorece negócios entre pessoas negras. O Movimento será apresentado oficialmente pelo prefeito Bruno Reis, a secretária de Cultura e Turismo, Andrea Mendonça e a secretária Municipal da Reparação, Ivete Sacramento, nesta quinta-feira, 18 de agosto, em coletiva de imprensa no Espaço Cultural da Barroquinha, a partir das 10h30.

O contato inicial do público com o movimento Salvador Capital Afro acontecerá em cinco territórios estratégicos do município: Centro Histórico, Liberdade/Curuzu, Rio Vermelho, Itapuã e Ilha de Maré, com um evento de pré-lançamento para evidenciar as diversas manifestações culturais que existem nessas localidades. Ainda integram as ações do projeto um festival inédito e inspirador, ações de reconhecimento a eventos, ações ou empreendimentos que representem a cultura afro da cidade e a ação Baiana Legal – iniciativa de fortalecimento e visibilidade das baianas de acarajé em atividade em Salvador.

Diáspora Africana

Salvador carrega em seu DNA grandes referências na dança, arte, literatura, música, moda, gastronomia, religião e esporte, sendo estes dois últimos, símbolos de resistência do povo negro (candomblé e capoeira). O projeto vai fomentar essas atividades culturais, artísticas e econômicas, demarcando Salvador como cidade destaque da força e expressão da cultura afro-brasileira.

De acordo com o prefeito Bruno Reis, o legado da cultura afro é estruturante para a identidade de Salvador. “Ela faz da nossa cidade um lugar único, original e especial, para onde quer que a gente olhe. Podemos senti-la no nosso dia a dia, nas comidas, música, arte, moda, no sincretismo religioso, nos rituais, no nosso jeito de ser”, afirma, ressaltando ainda que é essa herança afrodiaspórica que diferencia a capital como destino turístico de qualquer outro lugar do Brasil. “Por tudo isso, é muito importante preservar e valorizar essa riqueza ancestral. Nós somos os guardiões dessa identidade”, reforça o líder municipal.

Afroturismo

A capital baiana encontra, através do turismo étnico-afro, uma grande oportunidade de crescimento estando neste nicho de mercado cada vez mais relevante e ainda pouco atendido pelo trade turístico de uma forma geral. O resultado é o aumento de renda para pessoas negras. Por isso, o projeto busca ainda alavancar o Afroturismo, vertente que oferece experiências turísticas afro centradas, que valorizam a história e a cultura negra em todo o mundo. O Afroturismo atrai especialmente turistas negros, em busca de criar as próprias narrativas e a reconexão ancestral. O Salvador Capital Afro é socialmente inclusivo, voltado para o incentivo do turismo em áreas de Salvador com comprovado e significativo potencial para se tornar referência em proporcionar um conjunto de experiências turísticas afrocentradas.

Para o prefeito, o Afroturismo sempre existiu em Salvador, no entanto, com a crescente busca por vivências desse tipo, a cidade tem um grande potencial para se destacar internacionalmente. O turismo étnico-afro exalta a cultura negra e prioriza fornecedores negros da cadeia produtiva. “Ao receber mais turistas interessados nessas experiências, vamos fazer mais dinheiro circular entre os afroempreendedores e girar uma roda de prosperidade para esta população, que inclui a melhoria dos seus negócios e da qualidade de vida, combatendo as desigualdades históricas que perduram até hoje”, assegura Reis.

A secretária Municipal da Reparação, Ivete Sacramento, acredita que o Salvador Capital Afro valida o processo histórico e cultural da capital baiana a partir de uma perspectiva preta. “O projeto realoca a narrativa para uma visão do turismo de maneira a ser afrocentrada, apresentando trabalhos, produtos, mercadorias, atividades e programação cultural desenvolvidas por aqueles que são maioria na população de Salvador”, diz.

Afroempreendedorismo

O Salvador Capital Afro chama a atenção para os produtos turísticos que são fornecidos por empreendedores negros locais, os principais responsáveis por atrair e encantar quem visita a cidade: as baianas de acarajé, capoeiristas, artistas, guias de turismo, trançadeiras, turbanteiras, operadores de turismo que organizam roteiros e experiências afros e todos aqueles que fazem parte da indústria criativa de Salvador. O objetivo é destacar e potencializar os afroempreendedores locais, em especial, as mulheres, de maneira contínua e inclusiva.

O projeto está alinhado ao propósito de fortalecimento e projeção do Plano de Ação do Turismo Étnico-Afro de Salvador (TEA), que tem como missão ampliar a oferta de trabalho, emprego e renda, bem como criar valor e relevância para empreendedores negros. Para isso foi preciso ouvir profissionais de diversas localidades da cidade com o intuito de traçar soluções que possam gerar visibilidade e lucro com propósito para essa parcela da população baiana.

Dados do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) revelam que, atualmente, 49% dos negócios no país são comandados por negros. Entre os estados brasileiros com maior proporção de pretos e pardos donos de negócios, está a Bahia, com 12%.

O professor André Carvalho, cofundador do Experiência Griô, projeto que resgata a cultura e valoriza o povo preto através de vivências culturais em diversas localidades, é um dos empreendedores cadastrados no AfroBiz Salvador – plataforma que conecta a indústria criativa afro da cidade com investidores e consumidores do Brasil e do mundo. Sua referência principal são os griôs, indivíduos que, na África Ocidental, têm por vocação preservar e transmitir as histórias, conhecimentos, canções e mitos do seu povo.

Para ele, propostas como a do Salvador Capital Afro são muito importantes porque possibilitam alinhamento entre empreendedores negros. “Essa iniciativa, em Salvador, funciona como uma plataforma de conexão entre empreendedores e possíveis consumidores. Esse projeto nos possibilitou um maior conhecimento e aproximação de outras pessoas e iniciativas relacionadas”, conta.

O brilho do Salvador Capital Afro é a sua grande capacidade de articular afroempreendedores, trazer boas experiências, fortalecimento dos seus negócios e a possibilidade de novas conexões profissionais. “Nossa ambição é que o Salvador Capital Afro entre para o calendário da cidade, com destaque, relevância e propriedade. Iremos ampliar o movimento da cultura afro na cidade, promovendo o alcance desse projeto no Brasil e no mundo”, afirma a secretária da Cultura e Turismo, Andrea Mendonça.

O Salvador Capital Afro é uma iniciativa da Prefeitura Municipal de Salvador, através da Secretaria de Cultura e Turismo, no âmbito do PRODETUR Salvador, em parceria com a Secretaria da Reparação. O projeto tem financiamento do BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento e é mais uma ação implementada do Plano de Desenvolvimento do Turismo Étnico-Afro em Salvador.

C.Turismo

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